Leituras: Is 22,19-23
Sl 137(138),1-2ª.2bc-3.6.8bc (R.8bc)
Rm 11,33-36
Mt 16, 13-20 (Confissão de Pedro)
- Situando-nos
O tema central da liturgia deste domingo é a identidade de Jesus – o Messias e Filho de Deus – e a nossa missão de conhecê-lo em profundidade e torná-lo conhecido, sobretudo, por meio do testemunho e do serviço. Isso comporta uma grande responsabilidade para a Igreja e, consequentemente, para cada batizado e batizada, enquanto participantes do discipulado e da missão cristã no mundo. No Evangelho os discípulos são convidados a fazerem a sua adesão a Jesus, como “o Messias, Filho de Deus”. A partir daí nasce a Igreja, a qual Jesus coloca sob a autoridade de Pedro que, nas palavras do Evangelho recebe “as chaves do reino do Céu”. Não se trata de dizer que São Pedro seja aquele que administra as chuvas ou as secas. Está muito além disso. Receber as “chaves do Céu” significa receber a autoridade para interpretar e atualizar os ensinamentos de Jesus Cristo no decorrer da história humana, e acolher na comunidade todos aqueles que aderirem à proposta de salvação trazida por Jesus Cristo. Esse é o papel da Igreja, conduzida por Pedro.
Na primeira leitura vemos que o “poder das chaves” é pra ser usado pela Igreja não para fins egoístas e de interesses pessoais, ou para impedir as pessoas de alcançar os bens eternos, mas como um serviço aos irmãos ajudando-os nessa busca das riquezas do alto.
Na segunda leitura somos convidados, confiar em Deus, deixando de lado o espanto, a descrença, e a desconfiança, transformando-os num hino de louvor a Deus pela salvação e libertação que recebemos por intermédio de Seu Filho e Nosso Divino Salvador.
- 2. Mês vocacional
Na sequência do mês do Mês Vocacional, recordamos neste domingo a vocação laical, com ênfase no ministério do catequista. E são os (as) catequistas que mais se doam de modo incansável para que, em nossas comunidades, todos possam conhecer Jesus Cristo, o Filho de Deus, fazendo experiência autêntica com Ele, tanto por meio dos Sacramentos quanto pela vida cotidiana.
- 3. Atualizando a Palavra
A liturgia da Palavra deste dia nos coloca diante da grandeza do amor de Deus, o que deve levar-nos a reconhecer nossa pequenez diante dele. Neste sentido, é importante recordar o que diz o Salmo de hoje: “Altíssimo é o Senhor, mas olha os pobres” (Sl 137,6). O Senhor, que é Altíssimo, se fez próximo em Jesus Cristo, nosso Salvador e também nosso irmão. Jesus é a visita definitiva de Deus ao mundo e se deixa conhecer. Portanto, a pergunta que ele fez aos primeiros discípulos acerca de sua identidade é dirigida também a cada um (a) de nós hoje e em toda a vida. Para responder corretamente, devemos conhecê-lo e experimentá-lo. Mais do que com palavras, devemos responder com a vida à pergunta de Jesus. Fazendo assim, tornamo-nos também anunciadores (as) de seu amor e nisto consiste a nossa missão de batizados (as).
Diz-nos o Pe. Thomas Hughes, SVD: Realmente, Pedro acertou em termos de teologia, de “ortodoxia”, conforme diríamos hoje. Ele usou o termo certo para descrever Jesus. Mas Jesus quer esclarecer o que significa ser “O Messias de Deus”. Pois cada um pode entender este termo conforme os seus desejos. Jesus quer deixar bem claro que ser “messias” (um termo hebraico; em grego seria “cristo”, e significa “ungido”) para ele é ser o “Servo de Javé”. É vivenciar o projeto do Pai, que necessariamente vai levá-lo a um choque com as autoridades políticas, religiosas, e econômicas, enfim, com a classe dominante do seu tempo. Não significa ser o Messias nacionalista e triunfalista das expectativas de então. No nosso tempo, quando é moda apresentar um Jesus “light”, sem exigências, sem paixão, sem Cruz, sem compromisso com a transformação social, o texto nos desafia para clarificar em que Jesus acreditamos? O Jesus sentimental, que existe para resolver os meus problemas, tão amado por setores da mídia, e também de grandes setores das Igrejas, ou o Jesus bíblico, o Servo de Javé, que veio para dar a vida em favor de todos? O Jesus da “teologia da prosperidade” ou o Jesus proclamado quase diariamente pelo Papa Francisco, o Jesus de Nazaré verdadeiro? Esse assunto virá a tona no Evangelho do próximo domingo.
Fonte principal: Roteiros Homiléticos para o Tempo Comum I - CNBB
Frei Ari José de Souza, OCD*
*Frei Ari é o pároco da Paróquia Santo Antônio e São Pedro em Jacareacanga (PA) da Prelazia de Itaituba.
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